domingo, 14 de abril de 2013

"Eu hei de ter abstinência em meu lar..."

São Jorge é o guerreiro Ogum, cuja coragem
esmaga as imperfeições rumo ao Encaminhamento
... e em minha vida"

O segundo trimestre de 2013 será dirigido por Vovó Angolinha, Velho João e Nego Bento.

Ela trabalhará com amor. Eles, com libertação dos defeitos.

Suas missões têm sintonia com uma segunda etapa comandada por São Jorge, Pretos Velhos, Santa Joana D'Arc e São João Batista. 

"Ele vem de Aruanda pra salvar filhos de Umbanda"

Nosso sincretismo reconhece em Ogum o arquétipo de Jorge. É o orixá guerreiro e ferreiro que da coragem extrai a luta para a liberdade. "Daqueles que, nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança", diz o etnólogo Pierre Verger na obra "Orixás, deuses iorubás na África e no Novo Mundo". De posse dessa liberdade, Ogum nos leva à natureza Rio, que nos navega à ascensão terrena e espiritual.

"Obrigado, meu Preto Velho! Quando precisar, vos chamo"

Libertação é também o intuito da cerimônia de Pretos Velhos. Não por acaso, acontece em 13 de maio, o
Bem-sucedidos na dura missão
como escravos, os Pretos Velhos
ajudam os filhos nas suas tentativas
de libertação
(fonte: Triângulo da Fraternidade)
dia que celebra o fim absoluto da escravidão negra no país. Sob a ótica IEED, trata-se de uma falange formada por espíritos que aceitaram o açoite na Terra para expiar encarnações passadas. Pela resignação, ganharam do Espaço a permissão para formar uma falange que ajuda os "filhos" a também quebrar os seus grilhões.

Já o terreno do amor é cultivado pelas exaltações a Nossa Senhora da Conceição e São João Batista. Maria atua em conjunto com Santa Joana D'Arc, a heroína da Guerra dos Cem Anos que "ouvia vozes" e, aos 19 anos, fora queimada viva por bruxaria. São elas a inspiração do Mês de Maria para as mulheres. José e João Batista, no auge de sua missão como sacerdote, são os esteios dos homens durante o Mês Sacerdotal. Ao final, as forças Germinativa (feminina) e Polutiva (masculina) se unificam.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

"Apascenta as minhas ovelhas"

|Em quadro de Rafael, Jesus dá a pedro a missão de conduzir
o rebanho. "Apascenta as minhas ovelhas"
(fonte: Wikipedia)
A Aleluia representa a Ressurreição de Cristo. Para a Irmandade, tal renascimento simboliza a abertura do Ano Mental. Em 2013, aconteceu antes de São José, a virada do Ano Wanduísta em que Diretoria e Diretórios prestam contas de suas atividades. Deste ritual de passagem participaram espíritos que se sacrificaram pela missão do cristo e sacerdotes perseguidos pela sua prática religiosa.

João evangelista escreve que, já nos estertores da agonia, Jesus apresenta à mãe o "discípulo a quem tanto amava". Cumpria então o determinado e entregava o Espírito ao Pai. Ainda vivos, os dois homens crucificados junto a ele tiveram suas pernas quebradas pelos guardiães romanos. Resgatado por José, senador de Arimateia, o corpo fora recolhido sem fraturas e sepultado num túmulo novo.

Segundo Mateus, no dia posterior ao sabbath, Maria e Maria Madalena foram ao sepulcro ungi-lo. Pedra rolada e porta escancarada, ele não estava mais lá. Um anjo lhes dissera que havia ressuscitado. Lucas dá conta de que, no encontro com dois seguidores em Emaús, ele dera graças a um pedaço de pão. A notícia já se espalhara quando eles foram ao encontro dos discípulos.

Estrela D'Alva, acobertai-me - Os santos na IEED se compungem do sofrimento de Cristo cobrindo o rosto. Durante a Sexta da Paixão, os sacerdotes ficam reclusos. Renovam o Templo ao despontar da Aleluia. Em hebraico, "Halleluyah" significa "louve a Deus". Ananda Dandara derramou sobre os rostos as novas águas. Mas, dos sentidos, preferiu a visão: "Que os seus olhos enxerguem muito mais o belo do que as coisas feias da Terra". 

Da água fez-se a luz. Mahatma Gandhi evocou a tumba aberta de Jesus para desejar que os seus filhos tenham os seus caminhos livres e vivos. Mas sentenciou: "Que os seus sentimentos superiores prevaleçam sobre os inferiores". Para abençoar os ovos de Páscoa, convocou os espíritos das crianças que morreram nas mãos de Herodes para que Cristo vivesse.

E então a luz refluiu. Religiosa do tempo posterior a Cristo, Sara encerrou a Solenidade. Disse que o seu trabalho espiritual fora obscurecido pela perseguição da época, e ficava feliz de poder enfim realizá-lo num campo cristão. A existência foi tão marcante que ela preferiu o templo sob penumbra.

Ainda que num ambiente carente de claridade, Sara se fez ver à mente dos sacerdotes, como um lampejo da tal vidência cerebral. Pela de Juraci, como uma bela mulher de olhos claros e vestido azul reluzente de joias. Pela minha, era alta, era tinha cabelos negros que iam até o ombro e usava uma túnica bege clara e marrom. Recolheu os trabalhos e levou ao alto os pedidos.

Essa história continua, e é contada sobre um lampejo da rocha sobre a qual é construída a história cristã.

Já de volta da mansão dos mortos, Jesus viu os seus discípulos tentarem pescar sem sucesso. Em terra firme, recomendou que jogassem a rede do lado direito do barco. Os peixes vieram! Pedro O reconheceu e nadou até Ele. "Pedro, você me ama?", perguntou. "Sabe que sim, meu Senhor". Repetiu a pergunta mais duas vezes, e calou no apóstolo a culpa de tê-lo negado. Cheio de perdão, Ele proferiu a sentença eterna: "Apascenta as minhas ovelhas".

domingo, 31 de março de 2013

O despertar do Ano Wanduísta

José é uma figura discreta nos ditos bíblicos, mas não pouco importante. Em Mateus, ao saber que Maria estava grávida, ele tenciona abandoná-la para que ela não fique em maus lençóis perante a comunidade, mas o Anjo Gabriel aparece para ele em sonho e o tranquiliza: ela estava grávida do Espírito Santo. 

Em Lucas, ele comanda dura jornada para cumprir ordem de recenseamento do imperador romano Augusto - como eram ambos da tribo de Judá, deveriam voltar à terra de origem para tais trâmites. E em Belém Jesus nasceu.

Tal legado de coragem fez dele mais do que suporte para a missão de Jesus: é ele o representante de Deus na Terra em sua caminhada paterna. Essência máxima masculina, o descendente de Davi se torna padroeiro da Irmandade e limiar de um novo Ano Wanduísta. 

No seu 19 de março, Diretoria e Diretórios prestam suas contas com relatórios e, se necessário, planilhas. o receituário de atividades é entregue aos pés de Wandú. 

A Entidade responsável por comandar a parte espiritual da Cerimônia, Cavaleiro Estrelar, baseou-se nesse legado. Pregou por união e solidariedade na confecção dos trabalhos espirituais. "Se não se acha com físico para os trabalhos mais pesados, ofereça-se para tirar os espinhos das flores". 


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Reis: o início da caminhada espiritual

A celebração em homenagem aos Reis Magos é mais do que o encerramento do Natal na Irmandade. Ela é parte dele. Se o nascimento representa os primeiros passos de Jesus, a visita dos Reis simboliza o começo da sua caminhada espiritual. 

A epopeia começa logo à uma da manhã do dia seis de janeiro, quando os sacerdotes se desdobram em vigília, concentrações e trabalhos. "Com o dia de hoje, começa a responsabilidade espiritual dos IEEDs", disse Cavaleiro Estrelar, um dos chefes dos trabalhos esotéricos da Maçonaria Oriental Wanduísta, a Ala Masculina da Obra, que completa no dia 61 anos.

Os Reis representam Magos da Sabedoria. Eles se vestem com a roupagem de três magos da Sabedoria. Baltazar é Wandú, que com o ouro reconhece a grandeza espiritual de Jesus. Belchior é Wantuil e traz a mirra, que representa a libertação do espírito. E o incenso é trazido por Xasteix, na figura de Gaspar, e simboliza a libertação da matéria.

Vinda do Reino de Wandú para dirigir a parte espiritual, Wen Chen explicou a importância do trabalho destes sacerdotes. "Com as dádivas, eles deram as condições, materiais e espirituais, para que Jesus cumprisse a sua missão". Seja história ou profissão de fé, a lenda traz visões complementares sobre tal passagem.

O evangelho de Mateus fala em Baltazar, Melchior e Gaspar, sacerdotes de uma religião conhecida como zoroastrismo que seguiriam uma Estrela, chamada D'Alva, que vos apresentaria ao que o Novo Testamento chama de Messias. Haviam os tais Reis parado em Jerusalém e encontrado Herodes, que teria pedido para que eles voltassem e indicassem o caminho. Mas, temeroso de perder o trono, o monarca havia decidido matar todos os meninos de até dois anos. D'Alva os teria feito desviar do caminho na volta à Pérsia para evitar a morte prematura de Jesus.

Na representação de Baltazar, o sacerdote Marco Antônio Hellmeister Fonseca destacou uma passagem do livro "O Sublime Peregrino". A obra de Ramatis traz uma visão diferente da chegada dos Reis. A viagem seria fruto de profundo estudo astrológico em que a conjunção de astros já prenunciava o nascimento de um ser de grande estirpe espiritual. Um programa de historiadores descobriu os restos mortais de três homens que podem ter sido os reis: um em idade avançada, um homem adulto e um muito jovem.



Antes de partir, Wen Chen distribuía as últimas dádivas do Natal. E parabenizou a mobilização dos sacerdotes que, na visão dela, fizeram com que a Cerimônia fosse quase perfeita. E desejou que isso reverta em glória material a toda a Comunidade. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Feliz Ano Novo

Em "Cortar o Tempo", Carlos Drummond de Andrade diz que o ideólogo da divisão do tempo em fatias de chamadas de anos foi genial, porque "industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão". Talvez com isso o poeta de Itabira faça ao mesmo tempo elogio e crítica, porque a esperança sempre se renova, mas nunca de maneira constante.

Seja como for, tal divisão é pra lá de antiga. Estima-se que ela começou a tomar forma no ano 2.700 a.C. na Suméria, civilização surgida no norte da Mesopotâmia. Aperfeiçoado mais tarde pelos caldeus, o calendário tinha doze meses lunares de até 30 dias. Estes começavam na lua nova, mas o conjunto ficava 11 dias defasado em relação ao Sol. 

Os egípcios fizeram o primeiro calendário solar, que uma tentativa mais exata de medir o tempo. Era uma forma de preparação para o plantio, às margens do Rio Nilo. Ambos serviram de base para o calendário utilizado pela grande maioria dos povos no presente: o Gregoriano, uma espécie de atualização do calendário Juliano. Diferente dos anteriores, não seguia os astros.

Iluminado Ogum-Megê exaltou o fato de o último trimestre ter sido dirigido por sacerdotes nascidos na Irmandade. Felipe, Bruno e Lívia trouxeram uma história religiosa pontuada por todas as fases da vida IEED. Pertenceram à ala infantil, chamada de Oração Dominical, e à Mocidade IEED, onde tiveram uma formação repleta. Epopeia que deu as bases para que eles e os Guias ajudassem a gerir o que é considerada  a síntese do ano.

Para os devotos de Wandú,  a mudança de ano na esfera espiritual acontece em 19 de março, com a celebração a São José. Ainda assim, a Irmandade recebe com fogos e bênçãos essa nova parcela de tempo. Os Guias fazem balanços materiais e espirituais. Como o que fez o Iluminado Ogum Megê: "O ano de 2013 vai ser ótimo. Desde que vocês tenham plantado em 2012".

A lição do Guia-Chefe vai além. Ainda que tudo por decreto se renove, o ano só é novo se de nossas vidas fizermos algo novo. E novamente se faz necessário evocar Drummond, que num trecho de sua "Receita de Ano-Novo" vaticina:

Para ganhar um Ano-Novo
que mereça este nome
Você, meu caro, tem de merecê-lo
Tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil
Mas tente, experimente, consciente
É dentro de você que o Ano-Novo
cochila e espera desde sempre