quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Hilda por Camilla

Reverendíssima Maly-Hilda veio ao mundo em 3 de setembro de 1910. Por isso, antes de cada reunião ocorrida às terças feiras acontecem palestras sobre vida e legado do Missionário. Na reunião de Kardec, Camilla Fernanda Oliveira do Nascimento preparou um trabalho que transita muito mais pela criação religiosa por que Hilda foi, na terra, a responsável. A seguir, Camilla conta alguns dos passos espirituais traçados pela Obra ao longo dos anos.

Mês em homenagem a Reverendíssima Maly Hilda. 
                       
Boa noite a todos os presentes

Nesta noite falarei um pouco sobre esta grande mulher. Hilda nasceu com uma grande missão: fixar na terra esta obra religiosa espiritualista. Ela precisou de muita força, fé, disciplina e determinação para quebrar muitas barreiras, transpor muito preconceito, para enfim cumprir aqui a sua missão.

Ela nasceu em 03 de setembro de 1910 em Valença-RJ como Hilda de Carvalho e Silva, em meio a uma família católica.

Foi criada no catolicismo, mas a sua mediunidade se manifestou aos dois anos de idade. Devido a estas manifestações, foi colocada em um colégio interno católico, aos seis anos, por estar dirigindo um centro espírita.

Desde muito pequena já recebia mensagens sobre a missão a ser cumprida no decorrer de sua vida; desde muito cedo já tinha a companhia de um velhinho chinês, que mais tarde se apresentara como Wandú.

Contou sempre com ajuda da Trindade Suprema que dirige esta casa. Mestre Wandú  no início era Pai Arruda. Materializou-se quando Hilda tinha quatro anos. Sendo ele chefe Supremo da IEED, orientou, dirigiu e transmitiu a liturgia e tudo que era preciso ser feito na obra.

Mago Wantuil deu o nome de Pai Miguel Xangôo, representante de São Jerônimo. Por amor e misericórdia veio nos ditar os ensinamentos e a disciplina Ieed. Incutiu nas nossas atitudes amor, ação e sabedoria.

Deusa Lunar, que no inicio dava o nome de mãe Guiomar, representante de Nossa Senhora da Conceição e subdivisão de Maria Santíssima, tem ligação com Santa Joana D’arc, que transmite à Obra Fineza, bondade, harmonia e arte.

E como Chefe Suprema Espiritual da IEED, fundou o Templo do Sol. Lá são realizadas as cerimônias de São Jorge, São João Batista, Cosme e Damião e Kimbaô. Sua aquisição se deu em 1929 e as primeiras construções datam de 1930. Também ergueu o Templo da Lua, onde a cada trimestre, na Lua Cheia reúne-se o corpo sacerdotal, irmãos de Auréola e o público associado para a realização de trabalhos espirituais de Entrega do Trimestre. Tudo isso sem contar o nosso templo aqui em São Paulo e Brasília e escolas Iniciáticas em vários países.

O centro Espírita Estrela D’Alva foi fundado em 13 de maio de 1938. Em 1943 Estrela D’Alva passou a chamar-se Irmandade por ordem de Mestre Wandú, dando inicio aos trabalhos espirituais iniciáticos, e  em 1953 passa a Loja Sacerdotal dirigida pelos Mestres Espirituais que compõe a trindade suprema S.S. Wandú, Deusa Lunar e S.S. Wantuil.  

Ainda fundou o Grêmio IEED, as Alas da Maçonaria Feminina, e Maçonaria Wanduista ( reuniões para orientar a mulher e o homem), os cursos IEED: espiritismo, mediúnico, sacerdotal, e iniciático, além de curso para a Mocidade e oração dominical (que prepara crianças desde o nascimento até os 12 anos).

Aos 33 anos recebeu o título de Deusa Solar pelas caminhadas no Brasil e exterior em serviço de abstinência e renuncia e por ultimo o titulo de Reverendíssima. 

Formou-se professora e jornalista aos 23 anos, professora de ginástica aos 38 anos, formou- se em psicologia aos 60 anos.

Foi bailarina até os 28 anos, fez cinema, fez varias peças de teatro e teve atelier de costura. 

Lançou 20 obras literárias, filosóficas, poéticas e didáticas. Seu primeiro livro, Ânsia, foi lançado na Argentina.

Compôs uma média de 426 musicas. 

Fundou a União dos Jornalistas. 

Conseguiu junto ao presidente da republica, Getulio Vargas, a “A liberdade de culto no Brasil, e também fez o 1º Congresso nacional de Umbanda em 1943; ajudou a fundar a Associação Feminina da Maçonaria Brasileira.

Terminou sua missão nesta terra em 08 de julho de 1972.

Um dizer dela: “Seja feliz, irmão, e nós o recebemos com todo carinho e amor. Porém, não espere achar uma Santa em sua fundadora e sim a mulher que luta pelo engrandecimento do seu semelhante e pela espiritualização do Brasil e do Mundo.”
                       
Pensamento

"Fraternidade é quando as cabeças são iguais e se tem verdadeiro amor, e os que tem mais, devem doar aos que tem menos. 

Para ser verdadeira a fraternidade, é preciso sinceridade no pensamento. Caminhar é ter o coração batendo, ter a alma como nossa companheira e trabalharmos. Só assim caminharemos!

Pois o que tem tudo e nada faz, nada tem lá no outro mundo.”

(S.S. Ana Maria)

A palavra liturgia (do grego λειτουργία, "serviço público" ou "serviço do culto") compreende uma celebração religiosa pré-definida, de acordo com as tradições de uma religião em particular; pode incluir ou referir-se a um ritual formal e elaborado (como a Missa Católica).

Sua Excelência Reverendíssima: era o tratamento honorífico atribuído por lei em Portugal aos Grandes do Reino eclesiásticos. Os eclesiásticos com honras de Grandeza eram Arcebispos, Bispos e Abades Territoriais.

Em termos legais e equivalentes os Grandes eclesiásticos podiam também ser tratados por Excelentíssimo e Reverendíssimo.

O tratamento eclesiástico de Sua Excelência Reverendíssima era equivalente ao de Sua Excelência Ilustríssima reservado aos Grandes do Reino seculares (nobres com honras de Grandeza). 

Sac.3 Ded. S.S. Wantuil Camilla Fernanda Oliveira do Nascimento.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Lembranças da Mocidade

O templo e eu: histórias de infância e adolescência.
Agora sou realidade. O presente é um presente
Quando quis tecer estas linhas, quis a princípio continuar lembranças de Cosme e Damião na juventude. A Mocidade IEED, no entanto, ocupa no meu baú um capítulo mais amplo do que isso. E precisei expandir.

Como acontece em tantas outras sociedades, a IEED celebra o ingresso em uma nova fase da vida. Na primeira comunhão, somos apresentados aos nossos Mestres e referendamos o compromisso de seguir os seus valores.  

Para avançar à Mocidade IEED, era necessário conhecer as orações do livrinho “Oremos”. Alguns dos meus companheiros já estavam adiantados no estudo. Precisei correr para acompanhar o ritmo. Cheguei lá, mas a Prece a Santidade Wandú ainda não estava tão candente.

A consagração se daria às seis da manhã do dia 31 de maio de 1988. Na noite anterior, eu e mais dois colegas, Fábio e Renato, andávamos numa pequena sala de um lado para outro tentando fixar a prece pendente.

Conseguimos todos. E o novo despertar dos ex-pombinhos foi de uma alegria só. Mas, como Peter Parker ouviu de Tio Bem pouco antes de revirar a cidade como Homem Aranha, poderes trazem responsabilidades. Elas foram chegando lentamente.

Na primeira delas, uma sinestesia marcante de dança e som. O verde irradiava força física ao som de “I wanna dance with somebody”, um hit cantado por Whitney Houston, e a nossa despretensiosa dança. Embora preferisse algo mais clássico, Iluminado Ogum Megê aceitou.

Naquele sábado, uma profecia se cumpriu em meu coração: passei a ver com outros olhos uma das meninas com quem comunguei. Encantei-me com o jeito gracioso com que se expressava a sua dança, e me enamorei dela. Isso durou por alguns meses, até que o pobre do meu ser se partisse. A primeira grande desilusão trazia tristeza, mas também aprendizado.

Ogum poderia ser um capítulo à parte. Quando criança, eu via os Cavaleiros entrarem com aquela roupa romana e sonhava fazer parte daquilo. O sonho virou realidade mais cedo do que eu imaginava.

Certa vez, a convocação pra uma prova de concurso público da Sabesp, para mensageiro, me daria a letra de um dilema: se fosse fazer a prova, não poderia marchar. A contragosto de quem quisesse ouvir, optei pela fidelidade aos Cavaleiros. Após o final da Cerimônia, soube que uma suspeita de fraude fez o exame ser cancelado. Ogum operava no céu a meu favor.

São também inesquecíveis os encontros com a Mocidade do Rio. Eram quase todos cheios de muita camaradagem e alguma estranheza de parte a parte. Um desses eventos, no entanto, foi carregado de uma certa tensão. Marcada pela já ultrapassada rivalidade entre Piratininga e Guanabara.

Em 94, eles vieram passear em São Paulo. Eis que, dentro do ônibus, em atitude de extrema deselegância, um dos moços cariocas puxou uma nada engraçada música que dizia que “praia de paulista é o Rio Tietê”. E os seus conterrâneos, cheios de sem-graça, seguiram o coro. Houve reação, e iniciou-se então um embate sobre qual era a melhor cidade.

As professoras do lado de lá tentaram levar a coisa na brincadeira, e deixaram rolar. Foi o que pareceu – porque era na base do sarro que eles viram a coisa. O lado paulista não gostou nada da descortesia. Revoltados, queriam distância daqueles tão insolentes irmãos. Aparadas as arestas, um novo encontro só aconteceu dois anos depois.

Também num São Jorge experimentei uma estreia: pela primeira vez figurava na banda. Estava ainda incipiente naquele uniforme verde, que lembra um galardão das Forças Armadas. Cheguei com a roupa para dentro da calça, e Jaci me corrigiu: devia deixa-la para fora. Precisava pegar andando o bonde do primeiro ponto que ouvia:

Em seu cavalo branco ele vem montado/Calçado, de botas, sem ser soldado/Vinde, vinde, vinde, nosso Protetor/ Vinde, vinde, vinde, nosso Salvador.

E assim revolucionávamos, participando dos trabalhos por via da música. Num primeiro momento, ainda estávamos crus e não assimilávamos bem os ritmos. Passamos por uma reformulação de conceitos e instrumentos, e a coisa fluiu.

Cada cerimônia possui um ritmo diferente, e isso influencia diretamente no trabalho da Banda. Ogum e Cosme e Damião se desenvolve no Terreiro Sacerdotal, um ambiente aberto e, portanto, mais exigente das vozes. De longe, parecem ter alguma semelhança. Ela se esvai quando se observa que Jorge exige o estrito cumprimento das etapas do trabalho. Ainda que não menos séria, Cosme e Damião tem uma atmosfera mais lúdica, que inspira na Banda mais alegria. E aí, um dos nossos inovou: inventou uma paradinha num ponto dedicado aos Gêmeos:

Cosme e Damião, sua ca-sa-cheira/Cheira a cravo/Cheira a rosa/ E a botão de laranjeira

Nas Entregas do Trimestre, o trabalho acontece no Templo Exotérico. E aí as falanges se revezam conforme a necessidade. Oxóssi e Pretos Velhos acontece no Templo Exo da Sede, um local mais apertado que exige também mais resistência ao calor.

Todos eles, no entanto, têm aos músicos um ensinamento em comum: o canto e a música devem ressoar em um sentido harmônico, porque a Bandinha dita o ritmo do trabalho.

A vida seguia o seu curso e exigia que aos poucos eu me desvencilhasse da adolescência. Dia desses, Iluminado Ogum Megê testava a nossa incorporação. Parecia tratar-se da depuração da nossa capacidade mediúnica. Todos, ainda muito inseguros, não enxergavam bem a diferença entre as próprias ações e o Guia. E ele nos pedia para concentrar no Uno Mediúnico, que nos ajudaria a enxergar melhor aquela situação. Fui percebendo que o medo excessivo era um obstáculo ao Guia, e o processo foi ficando mais natural. Mal percebia que começava aí um momento de ruptura. E numa Oração Dominical, eu permitia que um Guia se deixasse identificar por mim: Ogum Iara.

Aos vinte anos veio o primeiro baque: eu e mais dois colegas nos tornaríamos Dirigentes de Trimestre. Num gesto que pareceu orquestrado, era o fim da nossa meninice da banda. Passaríamos a integrar a Auréola. Tratava-se de um segundo rito de passagem. Assim como a primeira comunhão celebrava o fim da infância, essa transição simbolizava a abertura das portas para a maturidade.

A fronteira definitiva começava a ser ultrapassada em um 27 de agosto de 2002. Mestre Krishna convidou a mim e a Celia Brito, minha colega daquela comunhão de 1988 – não, não é a moça por quem me apaixonei. Esta já havia muito saíra da Irmandade. E então, o dia de Cosme e Damião me via selar a infância e a adolescência num passado cheio de recordações. E me introduzia no que deveria ser a maturidade espiritual.

domingo, 14 de abril de 2013

"Eu hei de ter abstinência em meu lar..."

São Jorge é o guerreiro Ogum, cuja coragem
esmaga as imperfeições rumo ao Encaminhamento
... e em minha vida"

O segundo trimestre de 2013 será dirigido por Vovó Angolinha, Velho João e Nego Bento.

Ela trabalhará com amor. Eles, com libertação dos defeitos.

Suas missões têm sintonia com uma segunda etapa comandada por São Jorge, Pretos Velhos, Santa Joana D'Arc e São João Batista. 

"Ele vem de Aruanda pra salvar filhos de Umbanda"

Nosso sincretismo reconhece em Ogum o arquétipo de Jorge. É o orixá guerreiro e ferreiro que da coragem extrai a luta para a liberdade. "Daqueles que, nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança", diz o etnólogo Pierre Verger na obra "Orixás, deuses iorubás na África e no Novo Mundo". De posse dessa liberdade, Ogum nos leva à natureza Rio, que nos navega à ascensão terrena e espiritual.

"Obrigado, meu Preto Velho! Quando precisar, vos chamo"

Libertação é também o intuito da cerimônia de Pretos Velhos. Não por acaso, acontece em 13 de maio, o
Bem-sucedidos na dura missão
como escravos, os Pretos Velhos
ajudam os filhos nas suas tentativas
de libertação
(fonte: Triângulo da Fraternidade)
dia que celebra o fim absoluto da escravidão negra no país. Sob a ótica IEED, trata-se de uma falange formada por espíritos que aceitaram o açoite na Terra para expiar encarnações passadas. Pela resignação, ganharam do Espaço a permissão para formar uma falange que ajuda os "filhos" a também quebrar os seus grilhões.

Já o terreno do amor é cultivado pelas exaltações a Nossa Senhora da Conceição e São João Batista. Maria atua em conjunto com Santa Joana D'Arc, a heroína da Guerra dos Cem Anos que "ouvia vozes" e, aos 19 anos, fora queimada viva por bruxaria. São elas a inspiração do Mês de Maria para as mulheres. José e João Batista, no auge de sua missão como sacerdote, são os esteios dos homens durante o Mês Sacerdotal. Ao final, as forças Germinativa (feminina) e Polutiva (masculina) se unificam.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

"Apascenta as minhas ovelhas"

|Em quadro de Rafael, Jesus dá a pedro a missão de conduzir
o rebanho. "Apascenta as minhas ovelhas"
(fonte: Wikipedia)
A Aleluia representa a Ressurreição de Cristo. Para a Irmandade, tal renascimento simboliza a abertura do Ano Mental. Em 2013, aconteceu antes de São José, a virada do Ano Wanduísta em que Diretoria e Diretórios prestam contas de suas atividades. Deste ritual de passagem participaram espíritos que se sacrificaram pela missão do cristo e sacerdotes perseguidos pela sua prática religiosa.

João evangelista escreve que, já nos estertores da agonia, Jesus apresenta à mãe o "discípulo a quem tanto amava". Cumpria então o determinado e entregava o Espírito ao Pai. Ainda vivos, os dois homens crucificados junto a ele tiveram suas pernas quebradas pelos guardiães romanos. Resgatado por José, senador de Arimateia, o corpo fora recolhido sem fraturas e sepultado num túmulo novo.

Segundo Mateus, no dia posterior ao sabbath, Maria e Maria Madalena foram ao sepulcro ungi-lo. Pedra rolada e porta escancarada, ele não estava mais lá. Um anjo lhes dissera que havia ressuscitado. Lucas dá conta de que, no encontro com dois seguidores em Emaús, ele dera graças a um pedaço de pão. A notícia já se espalhara quando eles foram ao encontro dos discípulos.

Estrela D'Alva, acobertai-me - Os santos na IEED se compungem do sofrimento de Cristo cobrindo o rosto. Durante a Sexta da Paixão, os sacerdotes ficam reclusos. Renovam o Templo ao despontar da Aleluia. Em hebraico, "Halleluyah" significa "louve a Deus". Ananda Dandara derramou sobre os rostos as novas águas. Mas, dos sentidos, preferiu a visão: "Que os seus olhos enxerguem muito mais o belo do que as coisas feias da Terra". 

Da água fez-se a luz. Mahatma Gandhi evocou a tumba aberta de Jesus para desejar que os seus filhos tenham os seus caminhos livres e vivos. Mas sentenciou: "Que os seus sentimentos superiores prevaleçam sobre os inferiores". Para abençoar os ovos de Páscoa, convocou os espíritos das crianças que morreram nas mãos de Herodes para que Cristo vivesse.

E então a luz refluiu. Religiosa do tempo posterior a Cristo, Sara encerrou a Solenidade. Disse que o seu trabalho espiritual fora obscurecido pela perseguição da época, e ficava feliz de poder enfim realizá-lo num campo cristão. A existência foi tão marcante que ela preferiu o templo sob penumbra.

Ainda que num ambiente carente de claridade, Sara se fez ver à mente dos sacerdotes, como um lampejo da tal vidência cerebral. Pela de Juraci, como uma bela mulher de olhos claros e vestido azul reluzente de joias. Pela minha, era alta, era tinha cabelos negros que iam até o ombro e usava uma túnica bege clara e marrom. Recolheu os trabalhos e levou ao alto os pedidos.

Essa história continua, e é contada sobre um lampejo da rocha sobre a qual é construída a história cristã.

Já de volta da mansão dos mortos, Jesus viu os seus discípulos tentarem pescar sem sucesso. Em terra firme, recomendou que jogassem a rede do lado direito do barco. Os peixes vieram! Pedro O reconheceu e nadou até Ele. "Pedro, você me ama?", perguntou. "Sabe que sim, meu Senhor". Repetiu a pergunta mais duas vezes, e calou no apóstolo a culpa de tê-lo negado. Cheio de perdão, Ele proferiu a sentença eterna: "Apascenta as minhas ovelhas".

domingo, 31 de março de 2013

O despertar do Ano Wanduísta

José é uma figura discreta nos ditos bíblicos, mas não pouco importante. Em Mateus, ao saber que Maria estava grávida, ele tenciona abandoná-la para que ela não fique em maus lençóis perante a comunidade, mas o Anjo Gabriel aparece para ele em sonho e o tranquiliza: ela estava grávida do Espírito Santo. 

Em Lucas, ele comanda dura jornada para cumprir ordem de recenseamento do imperador romano Augusto - como eram ambos da tribo de Judá, deveriam voltar à terra de origem para tais trâmites. E em Belém Jesus nasceu.

Tal legado de coragem fez dele mais do que suporte para a missão de Jesus: é ele o representante de Deus na Terra em sua caminhada paterna. Essência máxima masculina, o descendente de Davi se torna padroeiro da Irmandade e limiar de um novo Ano Wanduísta. 

No seu 19 de março, Diretoria e Diretórios prestam suas contas com relatórios e, se necessário, planilhas. o receituário de atividades é entregue aos pés de Wandú. 

A Entidade responsável por comandar a parte espiritual da Cerimônia, Cavaleiro Estrelar, baseou-se nesse legado. Pregou por união e solidariedade na confecção dos trabalhos espirituais. "Se não se acha com físico para os trabalhos mais pesados, ofereça-se para tirar os espinhos das flores". 


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Reis: o início da caminhada espiritual

A celebração em homenagem aos Reis Magos é mais do que o encerramento do Natal na Irmandade. Ela é parte dele. Se o nascimento representa os primeiros passos de Jesus, a visita dos Reis simboliza o começo da sua caminhada espiritual. 

A epopeia começa logo à uma da manhã do dia seis de janeiro, quando os sacerdotes se desdobram em vigília, concentrações e trabalhos. "Com o dia de hoje, começa a responsabilidade espiritual dos IEEDs", disse Cavaleiro Estrelar, um dos chefes dos trabalhos esotéricos da Maçonaria Oriental Wanduísta, a Ala Masculina da Obra, que completa no dia 61 anos.

Os Reis representam Magos da Sabedoria. Eles se vestem com a roupagem de três magos da Sabedoria. Baltazar é Wandú, que com o ouro reconhece a grandeza espiritual de Jesus. Belchior é Wantuil e traz a mirra, que representa a libertação do espírito. E o incenso é trazido por Xasteix, na figura de Gaspar, e simboliza a libertação da matéria.

Vinda do Reino de Wandú para dirigir a parte espiritual, Wen Chen explicou a importância do trabalho destes sacerdotes. "Com as dádivas, eles deram as condições, materiais e espirituais, para que Jesus cumprisse a sua missão". Seja história ou profissão de fé, a lenda traz visões complementares sobre tal passagem.

O evangelho de Mateus fala em Baltazar, Melchior e Gaspar, sacerdotes de uma religião conhecida como zoroastrismo que seguiriam uma Estrela, chamada D'Alva, que vos apresentaria ao que o Novo Testamento chama de Messias. Haviam os tais Reis parado em Jerusalém e encontrado Herodes, que teria pedido para que eles voltassem e indicassem o caminho. Mas, temeroso de perder o trono, o monarca havia decidido matar todos os meninos de até dois anos. D'Alva os teria feito desviar do caminho na volta à Pérsia para evitar a morte prematura de Jesus.

Na representação de Baltazar, o sacerdote Marco Antônio Hellmeister Fonseca destacou uma passagem do livro "O Sublime Peregrino". A obra de Ramatis traz uma visão diferente da chegada dos Reis. A viagem seria fruto de profundo estudo astrológico em que a conjunção de astros já prenunciava o nascimento de um ser de grande estirpe espiritual. Um programa de historiadores descobriu os restos mortais de três homens que podem ter sido os reis: um em idade avançada, um homem adulto e um muito jovem.



Antes de partir, Wen Chen distribuía as últimas dádivas do Natal. E parabenizou a mobilização dos sacerdotes que, na visão dela, fizeram com que a Cerimônia fosse quase perfeita. E desejou que isso reverta em glória material a toda a Comunidade. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Feliz Ano Novo

Em "Cortar o Tempo", Carlos Drummond de Andrade diz que o ideólogo da divisão do tempo em fatias de chamadas de anos foi genial, porque "industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão". Talvez com isso o poeta de Itabira faça ao mesmo tempo elogio e crítica, porque a esperança sempre se renova, mas nunca de maneira constante.

Seja como for, tal divisão é pra lá de antiga. Estima-se que ela começou a tomar forma no ano 2.700 a.C. na Suméria, civilização surgida no norte da Mesopotâmia. Aperfeiçoado mais tarde pelos caldeus, o calendário tinha doze meses lunares de até 30 dias. Estes começavam na lua nova, mas o conjunto ficava 11 dias defasado em relação ao Sol. 

Os egípcios fizeram o primeiro calendário solar, que uma tentativa mais exata de medir o tempo. Era uma forma de preparação para o plantio, às margens do Rio Nilo. Ambos serviram de base para o calendário utilizado pela grande maioria dos povos no presente: o Gregoriano, uma espécie de atualização do calendário Juliano. Diferente dos anteriores, não seguia os astros.

Iluminado Ogum-Megê exaltou o fato de o último trimestre ter sido dirigido por sacerdotes nascidos na Irmandade. Felipe, Bruno e Lívia trouxeram uma história religiosa pontuada por todas as fases da vida IEED. Pertenceram à ala infantil, chamada de Oração Dominical, e à Mocidade IEED, onde tiveram uma formação repleta. Epopeia que deu as bases para que eles e os Guias ajudassem a gerir o que é considerada  a síntese do ano.

Para os devotos de Wandú,  a mudança de ano na esfera espiritual acontece em 19 de março, com a celebração a São José. Ainda assim, a Irmandade recebe com fogos e bênçãos essa nova parcela de tempo. Os Guias fazem balanços materiais e espirituais. Como o que fez o Iluminado Ogum Megê: "O ano de 2013 vai ser ótimo. Desde que vocês tenham plantado em 2012".

A lição do Guia-Chefe vai além. Ainda que tudo por decreto se renove, o ano só é novo se de nossas vidas fizermos algo novo. E novamente se faz necessário evocar Drummond, que num trecho de sua "Receita de Ano-Novo" vaticina:

Para ganhar um Ano-Novo
que mereça este nome
Você, meu caro, tem de merecê-lo
Tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil
Mas tente, experimente, consciente
É dentro de você que o Ano-Novo
cochila e espera desde sempre