segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Natal: a glorificação do Amor

Por mais que o homem a queira comercial, o
Menino Jesus prevalece
Natal é muito mais do que um festejo comercial. Por mais que o grosso da população corra para comprar todos os presentes, prevalece o reconhecimento ao aniversariante. E até o movimentar do varejo, desde os shoppings ao Brás, passando pela Vinte e Cinco de Março, simboliza uma estranha energia que nos faz sentimento - porque presenteamos, via de regra, a quem amamos. A Irmandade, em seus rituais, glorifica tamanha congregação de almas.

O encontro em que Jesus reparte pão e vinho e os transmuta em, respectivamente, em seu corpo e sangue, prenuncia o destino fatal. Mais de dois milênios depois, ele se vê representado na festividade em que se comemora o seu nascimento. Ainda que fim e começo se confundam, ou talvez se anulem, é a inocência da  representação infantil de Cristo que renova as promessas de esperança.

Deusa Lunar abençoa a Noite de Natal
Um lampejo já começa a acender no primeiro dia de dezembro. Na abertura do Mês Natalino, São Jerônimo dá vez ao presépio, na representação de fé dos primeiros dias de Jesus. Aos poucos a luz aumenta e atinge o ponto máximo na noite de 24 para 25. E se apaga com a homenagem dos Magos vindos do oriente ora chamados de Reis.

É nesse contexto que se encontra o Natal na Irmandade. A Ceia, aqui, celebra o começo. Ao pregar aos Ieeds a comunhão com o mundo, com iguarias oriundas de diversos países, ela simboliza mais do que a extensão alcançada pelo Cristianismo. É a essência da congregação dos povos. Mesmo judeu, Jesus viveu para toda a humanidade, creia n'Ele ou não.

Na bênção à Ceia IEED, Mãe Benedita, em seu manto e brilho, pediu para que os irmãos se permitam banhar pela bênção do Menino Jesus. Na dimensão exotérica, Ogum Megê ressaltou a importância da Solenidade para que a Família Sagrada irradie às famílias terrenas. As orações realizadas à meia-noite serviriam como saldo para trabalhos nessa direção.

Papai Noel ainda é um mistério, mesmo
para quem nele não mais crê em
presença física
Sem desmanchar a importância do dono da festa, Papai Noel alegrou crianças e adultos do Jardim Colibri, comunidade próxima ao Terreiro de Iamanjá, em Cotia, cidade da Grande São Paulo. Era o cumprimento de um ritual deixado pelo Missionário. A Diretoria separou brinquedos, cestas básicas e de Natal àquelas pessoas já mensalmente visitadas durante o ano, às terceiras quartas-feiras de cada mês.

A cada ano que passa, tal trabalho de formiguinha vai formando frutos. De pessoas que ainda carregam lá os seus problemas, mas os encaram com uma nova noção. Se os adultos ouviam os Guias com entendimento e atenção, as crianças se viam entre a magia da figura do Papai Noel e o fim da inocência. "Papai Noel não existe! Morreu!" "Eu vi que tem um elástico atrás da barba branca."

Prefiro não pensar que o Natal acaba ao raiar do dia 26. Deixo os meus olhos marejar ao fim da lenda do bom velhinho, cujas barbas brancas me metiam mais pavor do que alegria. Ainda bem que, já adulto, consegui recuperar um lampejo daquela magia que deveria vivenciar na infância. Sufocado por indescritível aura de sentimento, sou capaz de dizer que amo. Até que Baltazar, Melchior e Gaspar recolham árvores e enfeites. Sem levar a esperança.