segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Reis: o início da caminhada espiritual

A celebração em homenagem aos Reis Magos é mais do que o encerramento do Natal na Irmandade. Ela é parte dele. Se o nascimento representa os primeiros passos de Jesus, a visita dos Reis simboliza o começo da sua caminhada espiritual. 

A epopeia começa logo à uma da manhã do dia seis de janeiro, quando os sacerdotes se desdobram em vigília, concentrações e trabalhos. "Com o dia de hoje, começa a responsabilidade espiritual dos IEEDs", disse Cavaleiro Estrelar, um dos chefes dos trabalhos esotéricos da Maçonaria Oriental Wanduísta, a Ala Masculina da Obra, que completa no dia 61 anos.

Os Reis representam Magos da Sabedoria. Eles se vestem com a roupagem de três magos da Sabedoria. Baltazar é Wandú, que com o ouro reconhece a grandeza espiritual de Jesus. Belchior é Wantuil e traz a mirra, que representa a libertação do espírito. E o incenso é trazido por Xasteix, na figura de Gaspar, e simboliza a libertação da matéria.

Vinda do Reino de Wandú para dirigir a parte espiritual, Wen Chen explicou a importância do trabalho destes sacerdotes. "Com as dádivas, eles deram as condições, materiais e espirituais, para que Jesus cumprisse a sua missão". Seja história ou profissão de fé, a lenda traz visões complementares sobre tal passagem.

O evangelho de Mateus fala em Baltazar, Melchior e Gaspar, sacerdotes de uma religião conhecida como zoroastrismo que seguiriam uma Estrela, chamada D'Alva, que vos apresentaria ao que o Novo Testamento chama de Messias. Haviam os tais Reis parado em Jerusalém e encontrado Herodes, que teria pedido para que eles voltassem e indicassem o caminho. Mas, temeroso de perder o trono, o monarca havia decidido matar todos os meninos de até dois anos. D'Alva os teria feito desviar do caminho na volta à Pérsia para evitar a morte prematura de Jesus.

Na representação de Baltazar, o sacerdote Marco Antônio Hellmeister Fonseca destacou uma passagem do livro "O Sublime Peregrino". A obra de Ramatis traz uma visão diferente da chegada dos Reis. A viagem seria fruto de profundo estudo astrológico em que a conjunção de astros já prenunciava o nascimento de um ser de grande estirpe espiritual. Um programa de historiadores descobriu os restos mortais de três homens que podem ter sido os reis: um em idade avançada, um homem adulto e um muito jovem.



Antes de partir, Wen Chen distribuía as últimas dádivas do Natal. E parabenizou a mobilização dos sacerdotes que, na visão dela, fizeram com que a Cerimônia fosse quase perfeita. E desejou que isso reverta em glória material a toda a Comunidade. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Feliz Ano Novo

Em "Cortar o Tempo", Carlos Drummond de Andrade diz que o ideólogo da divisão do tempo em fatias de chamadas de anos foi genial, porque "industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão". Talvez com isso o poeta de Itabira faça ao mesmo tempo elogio e crítica, porque a esperança sempre se renova, mas nunca de maneira constante.

Seja como for, tal divisão é pra lá de antiga. Estima-se que ela começou a tomar forma no ano 2.700 a.C. na Suméria, civilização surgida no norte da Mesopotâmia. Aperfeiçoado mais tarde pelos caldeus, o calendário tinha doze meses lunares de até 30 dias. Estes começavam na lua nova, mas o conjunto ficava 11 dias defasado em relação ao Sol. 

Os egípcios fizeram o primeiro calendário solar, que uma tentativa mais exata de medir o tempo. Era uma forma de preparação para o plantio, às margens do Rio Nilo. Ambos serviram de base para o calendário utilizado pela grande maioria dos povos no presente: o Gregoriano, uma espécie de atualização do calendário Juliano. Diferente dos anteriores, não seguia os astros.

Iluminado Ogum-Megê exaltou o fato de o último trimestre ter sido dirigido por sacerdotes nascidos na Irmandade. Felipe, Bruno e Lívia trouxeram uma história religiosa pontuada por todas as fases da vida IEED. Pertenceram à ala infantil, chamada de Oração Dominical, e à Mocidade IEED, onde tiveram uma formação repleta. Epopeia que deu as bases para que eles e os Guias ajudassem a gerir o que é considerada  a síntese do ano.

Para os devotos de Wandú,  a mudança de ano na esfera espiritual acontece em 19 de março, com a celebração a São José. Ainda assim, a Irmandade recebe com fogos e bênçãos essa nova parcela de tempo. Os Guias fazem balanços materiais e espirituais. Como o que fez o Iluminado Ogum Megê: "O ano de 2013 vai ser ótimo. Desde que vocês tenham plantado em 2012".

A lição do Guia-Chefe vai além. Ainda que tudo por decreto se renove, o ano só é novo se de nossas vidas fizermos algo novo. E novamente se faz necessário evocar Drummond, que num trecho de sua "Receita de Ano-Novo" vaticina:

Para ganhar um Ano-Novo
que mereça este nome
Você, meu caro, tem de merecê-lo
Tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil
Mas tente, experimente, consciente
É dentro de você que o Ano-Novo
cochila e espera desde sempre